Trump e o Trumpismo
Donald Trump é o 47º Presidente dos Estados Unidos da América depois de ter vencido de novo, na sequência de uma derrota nunca formalmente assumida frente a Joe Biden, as eleições realizadas em 5 de novembro de 2024.
Os populistas sempre tiveram mais facilidade em ganhar eleições do que em governar. Diagnosticar o que está mal, culpar os adversários e aumentar a perceção de falhanço ou incompetência dos incumbentes é mais fácil do que planear, mobilizar, decidir e resolver. Sem derivas autocráticas os populistas têm muita dificuldade em renovar mandatos.
Democraticamente eleito, ainda que num contexto de grande desinformação, Trump parte para este mandato dotado de legitimidade política, com maiorias, ainda que curtas, no Senado e no Congresso, mas também possuidor de armas muito mais poderosas de controlo e de aprofundamento das estratégias de manipulação e controlo da opinião pública, tendo como principal aliado o maior titã tecnológico dos nossos dias Elon Musk.
Trump regressa à Casa Branca, mas o Trumpismo, ainda que continue baseado numa lógica de dividir para reinar, de prioridade aos negócios e de afirmação da supremacia económica e militar dos EUA, tem agora uma nova componente que vai marcar em larga escala o seu impacto, em concreto, o desenvolvimento da Inteligência Artificial e do papel acrescido que as tecnologias da informação passarão a ter na produtividade, na competitividade e nas relações económicas, sociais e políticas nos territórios e também à escala global.
O novo Trumpismo “toma posse” imbuído contradições que já começam a emergir. A agenda de Trump e Musk está longe de ser uma agenda para aqueles que por medo ou calculismo económico, consideraram que escolher o candidato Republicano significaria menos imigração e mais empregos para os residentes na indústria e nos setores tradicionais da economia americana.
A conta bancária já estratosférica dos titãs das tecnologias tenderá a subir ainda mais, mas não significará mais empregos, melhores rendimentos ou mais qualidade de vida para os americanos em geral, incluindo para os que deram corpo ao resultado das Presidenciais.
Em breve, Donald Trump terá que fazer uma escolha dilacerante. Ou toma o partido dos seus apoiantes e eleitores de base ou toma o partido dos seus mentores que lideram a onda digital. Esta fratura e a necessidade de compromisso interno podem enfraquecer o novo Trumpismo e manter incólumes as linhas vermelhas do contexto democrático e da liberdade na EUA. Que assim seja.