Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

A Nova Rua (cinquenta anos depois de abril)

Desde abril de 1974, durante 49 anos consecutivos de celebração da revolução da liberdade, o povo tem saído à rua para usufruir da capacidade resgatada de livre expressão e afirmação plural e sem censura ou medo. As diversas perspetivas e visões ideológicas aglutinaram forças, criaram partidos e movimentos, competiram entre si, disputaram eleições, governaram ou opuseram-se de acordo com a vontade do povo.

Foi também em resultado da vontade do povo, expressa nas ruas e nas urnas, que se criou um quadro sociopolítico fraturado como nunca. em que os princípios reacionários não apenas conquistaram pelo menos 50 lugares na Assembleia da Republica como foram assumidos como programa político por um ex-Primeiro-Ministro e ilustre militante do PSD. É neste contexto que celebraremos o quinquagésimo aniversário da revolução da liberdade. Em liberdade, mas com legítima preocupação quanto ao seu futuro.

A multiplicação de movimentos mais ou menos orgânicos de contestação são prenúncio dos tempos políticos de instabilidade, incerteza e clarificação ríspida que se aproximam. Tempos que pela sua natureza tenderão a inflamar as ruas, não apenas as praças e avenidas onde as massas se expressam, mas também e cada vez mais as “ruas” das redes sociais, onde se passeiam verdades e mentiras, perfis verdadeiros e falsos, imagens reais e imagens distorcidas ou fabricadas.

Com erros e injustiças que o povo cobrou com juros bem elevados nas urnas, a verdade é que Portugal ultrapassou os tempos difíceis da pandemia e da espiral inflacionista reforçando a sua reputação perante os mercados e melhorando a generalidade dos seus indicadores económicos e sociais. É fundamental que, sem por em causa o novo mandato político outorgado pelo povo, esse legado de estabilidade não se perca no meio de uma qualquer maré mais bravia.

No próximo dia 25 a memória de abril vai sair às ruas e praças das nossas aldeias, vilas e cidades, mas também às ruas virtuais onde hoje se constroem uma fatia significativa das mensagens e das perceções políticas que determinam o sentimento e as dinâmicas de concertação numa sociedade aberta.

Esta não é a primeira vez que escrevo que celebrar abril com alegria e forte compromisso democrático, moderno, cosmopolita e plural é mais importante que nunca. Noutras circunstâncias da nossa história recente, outros momentos houveram, que apelaram a este toque a rebate. Nas velhas e nas novas ruas, abril conta com o nosso coração a nossa razão para continuar a florir.

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