Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

Bola ao Centro

Quase a chegar ao fim a época desportiva, a bola política insiste em rolar ao centro. No debate que se seguiu às eleições legislativas de 18 de maio, o centro, que todos abandonaram em campanha e que acabou por se diluir pelas várias forças políticas e pela abstenção, reganhou uma nova centralidade, avivada pela intenção manifestada pelo candidato presidencial Gouveia e Melo de nele se fundear.

Não será certamente a primeira vez que escrevo neste espaço sobre o centro, e que ao fazê-lo destaco a diferença entre o centro político medido como ideologia, que já provou valer pouco em Portugal, designadamente quando o CDS o tomou como a sua matriz de referência e o levou a votos sem sucesso assinalável, e o centro político calculado como posicionamento na sociedade para a partir dele trabalhar pela viabilização de políticas mais à esquerda ou mais à direita, posicionamento esse que na minha opinião tem sido a chave da afirmação dos projetos de governação vencedores em Portugal nos últimos cinquenta anos.

Olhando em concreto para a experiência do PS, que conheço melhor, foi sempre partindo da conquista desse centro transformador que o Partido conseguiu as maiorias para depois governar, transformando a sociedade mais ou menos à esquerda ou ao centro, conforme a personalidade do líder, o programa legitimado em eleições e na Assembleia da República e o contexto europeu e global. Foi assim com Mário Soares, António Guterres José Sócrates e António Costa. António Costa que negociou a geringonça para criar uma maioria de Governo, só o pôde fazer porque a centralidade da votação que obteve lhe permitiu atingir uma maioria de centro-esquerda no Parlamento. As exceções a esta regra só ocorreram em eleições presidenciais que têm um contexto diferente e na vitória de Sampaio sobre Marcelo nas autárquicas para Lisboa em 1989. Intuo que poderia elaborar em explicações similares para as maiorias de centro-direita em Portugal, mas prefiro usar como ilustração a realidade que melhor conheço.

Na sequência do desaire eleitoral do PS nas últimas eleições legislativas tem sido produzida vasta argumentação justificativa de caracter tático. Concordo com parte dela, mas penso que a questão chave foi estratégica. Quando Pedro Nuno tentou com enorme empenho e vontade colocar a bola ao centro, já estava catalogado na cabeça dos portugueses como um jogador da lateral esquerda. Os partidos, como as equipas precisam de qualidade na diversidade, mas contar com um bom médio de armação é uma enorme vantagem.

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