Cultura Capital

Évora será em 2027 a quarta cidade portuguesa Capital Europeia da Cultura desde que em 1985, por iniciativa da então Ministra da Cultura Grega Melina Mercuri, Atenas foi a primeira a ser distinguida com o prestigiante galardão.

Temos que fazer desta oportunidade um momento de grande afirmação cultural da Cidade, do Concelho e da Região, algo só possível se até lá consolidarmos as redes e as plataformas de intervenção intersectoriais e melhorarmos a higiene e limpeza, a mobilidade, o acesso á habitação acessível e a qualidade dos espaços públicos, proporcionando mais qualidade vida aos que aqui residem e melhores experiências a quem por essa altura nos visitar.

Recebemos o testemunho de Atenas e de 67 cidades europeias, incluindo Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012) e devemos tirar lições do que nelas foi feito, privilegiando os exemplos mais atuais e os que têm um perfil histórico, demográfico e cultural mais próximo.

Recentemente, no âmbito da academia, fui convidado a fazer uma intervenção no Pólo de Guimarães da Universidade do Minho. Aproveitei para olhar a cidade com uma perspetiva diferente das outras ocasiões em que a visitei, dando particular atenção àquilo que na paisagem urbana, no território e na memória das pessoas é visto como a herança estrutural da Guimarães – Capital Europeia da Cultura de 2012.

Destaco dois pontos cruciais do que aconteceu em Guimarães. A plataforma colaborativa criada e alargada à região e ao País, ajudou a consolidar o Minho como destino cultural e turístico diferenciado, ao mesmo tempo que permitiu afirmar um polo cultural de dimensão nacional e internacional, a somar às vertentes patrimoniais, sociais e económicas que caracterizam a designada cidade berço e o seu território envolvente.

Noutra dimensão, a recuperação dos espaços e dos edifícios históricos tornaram Guimarães uma cidade mais atrativa e mais viva, com consequências positivas na qualidade de vida em todo o Concelho pelo efeito de alavancagem que proporcionou na limpeza, na habitação, na economia e na segurança.

Évora é um Concelho e uma Cidade com um passado que nos orgulha, ofertas de excelência em todos os sectores e onde todos os dias acontecem eventos e iniciativas de grande mérito. Falta, no entanto, reforçar a rede e a malha de ligação entre os diferentes atores e protagonistas para nos elevarmos para outra plataforma de resposta às necessidades mais básicas e concretas das pessoas que aqui vivem ou nos visitam. Como Guimarães exemplificou, a cultura deve ser uma parte capital neste caminho a percorrer pela nossa Cidade, pelo nosso Concelho e pela nossa Região.