Évora e o Triplo Nexus
Além de ter sido no exercício no meu segundo mandato (2019-2024) como Eurodeputado, Copresidente eleito pelo Parlamento Europeu e representando os 27 Países da União Europeia (UE), da Assembleia Interparlamentar Paritária África, Caraíbas e Pacífico (ACP) / EU, a segunda maior Assembleia Interparlamentar do mundo (106 Países, 4 continentes, 2 biliões de pessoas) a seguir à União Interparlamentar (UIP) que opera sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU, foi-me atribuída também na segunda parte desse mandato, num quadro de agravamento da situação humanitária em diversas geografias, a missão de ser relator permanente do Parlamento Europeu para a Ajuda Humanitária.
Foi uma missão gratificante, mas muito dura. Desloquei-me a vários teatros de crise, fui autor da posição adotada pelo Parlamento Europeu como o seu compromisso político, intitulada “Uma Estratégia Inovadora para a Ajuda Humanitária: as crises atuais e as crises esquecidas” e contribui, com a ajuda de muitos colegas, para um aumento do orçamento da UE para a cooperação, o desenvolvimento, a paz e a ajuda humanitária.
Se descrevo tudo isto é para sublinhar como a experiência no terreno foi tornando cada vez mais evidente a centralidade daquilo que se designa por “Triplo Nexus” ou seja, o relacionamento intrínseco entre o desenvolvimento, a paz e a ajuda humanitária, tendo como referencial os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e em particular o desenvolvimento humano. Terminado o meu mandato recebi vários desafios para prosseguir missões neste domínio, mas optei, como é do conhecimento público, por assumir uma candidatura à Presidência da Câmara Municipal de Évora.
Que relação tem o meu passado, em particular na área que descrevi e que é a menos conhecida do meu CV político e o futuro a que me proponho? Évora é, no quadro da União Europeia, um Concelho de Paz e que ganhou massa crítica e reconhecimento como centro de conhecimento e desenvolvimento em domínios estratégicos para a dissuasão da guerra, como são exemplo as indústrias do espaço, da logística e da aeronáutica.
A nova conjuntura geopolítica vai induzir a UE, para se manter como espaço de paz, a investir fortemente na sua indústria de segurança e defesa, que nos tempos atuais, tem fronteiras muito fluidas com outras indústrias associadas à saúde, ao ambiente, às energias limpas, à mobilidade, ou ao armazenamento e processamento dados. Évora pode estar na primeira linha deste cluster de paz, cooperação e desenvolvimento humano. Pode e deve.