Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

Migrações

Não é de estranhar que o tema das migrações, associado à promoção da xenofobia e do medo também tenha inundado a campanha eleitoral em curso em Portugal. Tem sido assim um pouco por todo o mundo democrático, onde a instrumentalização dos fluxos de pessoas para plantar o medo, fragmentar o tecido social e gerar o ódio têm sido usados e abusados.

Recentemente, a convite da SEDES, participei em Faro num debate sobre a captura e a fixação de talentos, sobretudo numa região que tem profundas flutuações demográficas, uma enorme dependência da indústria de turismo, está a transformar o seu perfil agrícola, enfrenta uma grave escassez de agua e dispõe também de vários centros de excelência em articulação com o tecido universitário e politécnico.

A mobilidade é uma constante das dinâmicas de desenvolvimento da humanidade. As migrações pela sua natureza podem e devem ser geridas, mas tentar pará-las é como construir castelos na areia em maré vazia.

Face à instrumentalização das migrações para a manipulação e projeção de posições extremistas de recusa do outro, temos que afirmar uma perspetiva empática e de compreensão daquilo que move e motiva o outro. Sermos capazes de nos colocarmos no lugar do outro, como já aqui escrevi, é uma das mais eficazes formas e ajudarmos a desminar a nossa sociedade das armadilhas fraturantes.

Para preparar a minha intervenção em Faro fui estudar melhor o fenómeno em Portugal. No que se refere à atração e ao saldo de fixação de talentos a nossa posição nos rankings é muito melhor do que as perceções que campeiam na nossa sociedade. Segurança, tolerância e estilo de vida são fatores que nos tornam profundamente atrativos, enquanto o nível medio de remunerações e de qualificações médias nos prejudicam enquanto destino de atração e fixação de talentos.

Em vez de diabolizar as migrações, das quais precisamos como sociedade envelhecida e com baixa dinâmica demográfica, o que precisamos é de trabalhar em conjunto para tornar a as dinâmicas de mobilidade, positivas para todos.

Em Faro propus 6 ideias chave que hoje aqui partilho; dar prioridade a quem vem trabalhar para Portugal no mundo e não apenas em Portugal para o mundo, corrigir a fiscalidade para não penalizar a competitividade dos jovens qualificados nacionais, fazer mais engenharia civil do que engenharia financeira para criar nova habitação, desburocratizar procedimentos e fazer escolhas de setores em que ambicionamos estar no topo e atrair ou fixar os melhores à escala global.

Portugal é um país global, aberto, cosmopolita, seguro. tolerante. Não nos deixemos derrotar por quem desistiu de um futuro que está nas nossas mãos construir.

Últimos Artigos

Que não haja um apagão

Diário do Sul

Dia 18 realizam-se as eleições para a XVII legislatura da Terceira República. Depois de nas eleições de há um ano se ter registado uma forte recuperação dos níveis de votação…

Ler o artigo completo

Imortais

Diário do Sul

Camões cantou nos Lusíadas, epopeia grandiosa sobre a construção da identidade portuguesa à luz do Século XVI “aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”, ou…

Ler o artigo completo

O Lado Europeu

Diário do Sul

Desde há muito que sabemos que o mundo é feito de mudanças e que a necessidade de adaptação se tornou permanente. A entrada em cena da nova administração americana, com…

Ler o artigo completo