Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

O Alentejo e a nova vaga na Saúde

Sob o signo do vagar, identidade e onda, passado e futuro, Évora e o Alentejo vão celebrar em 2027 a Capital Europeia da Cultura. É também em Évora que não obstante os solavancos das burocracias e de algumas más vontades, começa a aproximar-se a conclusão do Hospital Central do Alentejo.

Acredito que o Hospital Central do Alentejo é uma oportunidade nacional, europeia e global para testar e concretizar uma nova cultura na prestação de cuidados de saúde. Tenho-o defendido em vários fóruns e vou continuar a fazê-lo.

Com a evolução tecnológica em curso e em particular com os desenvolvimentos da inteligência artificial, sem por em causa a matriz base de conhecimento, a forma como vão ser exercida a prática da medicina e de tudo o que lhe é adjacente será sujeita a profundas transformações. Existirão alguns riscos, mas também muitas oportunidades, designadamente em contextos como o do Alentejo, com escassez de profissionais numa população esparsa envelhecida, distribuída por um território vasto.

O acompanhamento em rede, a partir de um núcleo forte de supervisão não pode ser feito à custa da interação humana nem da qualidade dos atos praticados. Por isso um conceito de Hospital de vanguarda implica a sua associação a uma escola capaz de formar os recursos para os novos ecossistemas de saúde em vão ter que atuar.

Aproveitar a oportunidade de fazer do novo Hospital Central do Alentejo um piloto da nova geração da saúde, implica dotá-lo dos sistemas e equipamentos mais avançados e ao mesmo tempo criar uma Escola de Medicina no quadro da Universidade de Évora envolvendo o sistema regional de Ensino Superior e as parcerias externas adequadas, que inclua a requalificação ou a formação de uma geração de médicos para exercerem nos novos contextos tecnológicos, bem como de equipas de assistentes de saúde, que nesse quadro possam assegurar a interação humana com os utentes monitorados, observados ou consultados à distância.

Criar ofertas desse nível vai implicar um trabalho alargado com centros de conhecimento nacionais e internacionais, nos planos do saber médico e da capacidade tecnológica, gerando uma exigente, mas promissora centralidade de valor acrescentado na nossa região, para todos e em particular para as pessoas que necessitam de cuidados de saúde.

Muitos considerarão esta ideia muito ambiciosa, na fronteira do sonho ou da utopia. É nessa fronteira que nasce tudo o que transforma e semeia o desenvolvimento nos territórios e que serve quem lá vive. Não deixemos de sonhar enquanto abrimos a janela por onde pode acontecer.

Últimos Artigos

O Preço da Não Escolha

Diário do Sul

Participei recentemente, no 24º Congresso da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que decorreu no âmbito do 50º aniversário da Associação. No painel em que fui convidado…

Ler o artigo completo

Inteligência Essencial

Diário do Sul

Participei recentemente na sessão de abertura e no jantar/conferência do 17ª Congresso Nacional dos Arquitetos que decorreu em Évora. Falei naturalmente de arquitetura e de tudo aquilo que com ela…

Ler o artigo completo

Um Dilema Europeu

Diário do Sul

Na minha vida académica e política sempre tive uma ligação forte às questões europeias. Ainda jovem assistente universitário fui bolseiro do programa COMETT, que me permitiu fazer investigação em Montpellier.…

Ler o artigo completo