O Despertar da Curiosidade
No dobrar de mais um ciclo da minha vida e num momento em que a academia, a investigação e a divulgação científico -tecnológica volta a ganhar nela mais peso, vão surgindo cada vez mais oportunidades para partilhar em sessões públicas o meu pensamento e a minha experiência sobre os impactos económicos, sociais e políticos da disrupção tecnológica, em particular no domínio da transição energética e da transição digital.
Sobre esses temas tenho muito para contar, mas tenho também a consciência de que mais do que ensinar, tenho o dever e o impulso de despertar a curiosidade de quem me houve para pensar, refletir e agir, desenvolvendo a vontade de estudar, investigar e aprender.
A mudança acelerada é parte do quotidiano das nossas sociedades e a adequação de conhecimentos, competências e práticas aos novos modelos de criação, distribuição e gestão de bens e serviços, tornou-se uma condição crítica para a realização pessoal e profissional dos indivíduos e para o bom funcionamento das instituições e das organizações.
Com a emergência duma disrupção tecnológica agressiva, com novas conjugações de átomos, genes e dados a permitirem gerar novas soluções e modelos de transformação, a necessidade de formação contínua não diminuiu, mas o seu perfil transformou-se.
Há cada vez mais necessidade de formação focada e especializada, baseada no uso de ferramentas ou metodologias concretas e por outro lado, nas escolas especializadas na promoção da capacidade de gestão, os saberes de sustentabilidade e de liderança são cada vez mais procurados, cooptando contributos de banda larga para habilitar os dirigentes a recriar a perceção sobre a sociedade em mutação e mobilizar as equipas para construírem e concretizarem as respostas necessárias.
Nas sociedades em transformação, despertar a curiosidade para que as pessoas e as organizações se assumam como estando em aprendizagem contínua, não apenas como beneficiários do saber, mas como garimpeiros de novas soluções e de novos produtos, disseminando uma cultura de formação ética, científica e técnica capaz privilegiar a sustentabilidade e promover o compromisso coletivo com o resultado, é a nova missão de quem tem a ambição de formar recursos resilientes para serem integrados e felizes numa era de complexidade e de incerteza.
Este é a meu ver um desafio e o compromisso que a escola e a academia não podem deixar de abraçar. Sinalizar e percorrer as rotas da formação e da qualificação com um propósito de sustentabilidade, liderança e superação.