Segurança – Vencer o medo e ser feliz
Tal como a paz, a segurança é um bem maior da nossa sociedade. Portugal é há muitos anos classificado como um dos países mais seguros e pacíficos do mundo. Para além de constituir um importante fator de bem-estar, a segurança real e percecionada é também um importante capital social que torna o País mais atrativo para viver, para visitar e para investir.
Há pouco mais de duas décadas desempenhei as funções de Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna tendo tido um contacto mais direto e intenso com as forças de segurança, de socorro e de proteção civil e com o valioso trabalho quotidiano daqueles que no dia a dia velam para que os episódios de risco sejam precavidos e as ocorrências sejam resolvidas.
Reforcei aí a minha convicção que, tal como acontece com outros setores da nossa sociedade, as forças de segurança em termos gerais têm que ser valorizadas e que devem ser evitados diferenciais de estatuto e de tratamento que desmotivam alguns dos corpos operacionais e dificultam o trabalho articulado entre todos.
Temos verificado existir um compromisso geral das diferentes forças políticas que se apresentam às próximas eleições legislativas com a dignificação e a revalorização das forças de segurança. Se esse compromisso, pelo menos enquanto discurso, é um clássico da Direita, já para a Esquerda, não obstante algumas boas práticas, a segurança não é normalmente uma das suas bandeiras prioritárias, mas passou a ser nas propostas que têm sido apresentadas, em particular pelo Partido Socialista.
Esta opção é tão mais importante, quanto algumas das forças políticas fazem do medo extrapolado um catalisador de votos e as forças da direita moderada se vão deixando arrastar para terrenos movediços, de que não se têm saído bem noutras democracias europeias.
A segurança dos cidadãos e o combate ao medo têm que mobilizar toda a sociedade democrática e quem o trava na primeira linha tem que ser devidamente valorizado, no quadro de uma aliança forte com a sociedade civil no seu todo e com um alargado respaldo no sistema político democrático. Tem que incluir também uma revitalização do sistema educativo e a promoção da literacia digital reforçar a cibersegurança e criar progressivamente imunidade de grupo contra a desinformação e o discurso de ódio.
Vencer o medo e ser feliz é um propósito central para os indivíduos e para as comunidades do nosso tempo. Sem uma forte aposta na segurança inclusiva o sonho esfuma-se e a sociedade apodrece. Não o podemos permitir.