Um País de Eleiç(ões)
Aproxima-se 2026. Todos desejamos que seja um ano de eleição por bons motivos, mas não podemos estar certos disso. Os riscos e desafios são muitos e implicam reflexão e ação.
O ano começa rico em eleições. Em 18 de janeiro realiza-se a primeira volta das eleições presidenciais. Se os eleitores não atribuírem um mandato maioritário, ou seja, mais de 50% a um dos candidatos, teremos uma segunda volta a 8 fevereiro. Antes disso, a 12 de janeiro, um pouco por todo o País, elegem-se os Presidentes e os Vice-Presidentes das Comissões de Coordenação Regional (CCDRS).
O Presidente de Cada uma das CCDRS – Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve – é eleito por um colégio eleitoral composto pelos Presidentes de Câmara da sua Área geográfica, pelos Presidentes das Assembleias Municipais, pelos Vereadores eleitos e pelos Deputados Municipais, incluindo os Presidentes de Junta de Freguesia.
No que diz respeito à Eleição do mais alto magistrado da Nação, marcada por uma erosão clara da qualidade de desempenho do atual titular ao longo do seu segundo mandato, o que mais me preocupa é a amarração do debate aos casos efémeros do quotidiano e a falta de perspetiva e antecipação dos desafios futuros.
O elevado desinteresse dos jovens pelo processo de debate e pelo exercício do voto é um sintoma muito preocupante, porque é a sua vida e a sua realização que mais do que tudo está em jogo neste pleito presidencial.
Quanto às eleições nas CCDRS, O modelo misto entre a desconcentração e a municipalização que vai suportar o governo dos seus territórios é também ele tudo menos mobilizador para os jovens desmotivados ou descrentes da participação política ativa. Colocar a regionalização na gaveta tem sido uma entorse centralista que Portugal tem pago e vai continuar a pagar caro.
Ainda recentemente o País viveu uma Greve Geral no exercício legítimo de um direito dos trabalhadores. O projeto de reforma que deu origem à manifestação de luta arrisca-se a ser um tiro de pólvora seca, absolutamente desnecessário e um obstáculo a que se discuta e decida com discernimento, como devem ser as regras laborais justas no quadro tecnológico emergente, e como elas devem garantir aos jovens um quadro social digno de inserção e realização.
A pólvora seca inquietou os mais velhos, acordou os jovens e ressuscitou as centrais sindicais. Se a sua consequência for “Rebeubéu, pardais ao ninho” nada feito. Mas se os pardais ousarem voar, Portugal ganhará asas para voar melhor. Ser um País de eleição e não apenas um País de eleições. Feliz 2026!