Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

Vagar para Transformar

A candidatura vencedora de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027 foi baseada num conceito estruturante plural e diferenciador – O Vagar, enquanto reflexo de uma identidade alicerçada na consciência do tempo e da sua fruição, ou seja, num ritmo e forma de vida que os séculos foram embebendo no território e na comunidade.

Pela própria natureza do evento, o seu conceito estruturante não pode nem deve ser uma amarra, mas antes um ponto de partida para a liberdade de pensar, de refletir, de imaginar, de criar e de fazer acontecer. Tanto é assim que a própria programação da Évora_27 já tem em pleno curso uma Academia do Vagar, para incentivar a que ele seja olhado, refletido e aplicado sob diferentes perspetivas.

Tornou-se prática em crónicas ou conferências, usar as respostas dadas pela Inteligência Artificial, para a partir delas olhar com sentido crítico para a tendência que refletem e para as formas de as potenciar ou fazer infletir. Perguntei ao modelo de linguagem que costumo usar como define o conceito de vagar. A resposta não foi surpreendente, mas ajuda-me a elaborar sobre ela e a testar a visão que quero transmitir nesta crónica.

Diz o modelo de linguagem que Vagar é a arte de dar tempo ao tempo. Uma atitude consciente perante o ritmo da vida e da criação. Destaco quatro fragmentos chave – Dar tempo ao tempo; atitude consciente; ritmo da vida; ritmo da criação.

Dar tempo ao tempo espraia o espaço de escolha sobre a forma como o usamos. Não obriga ao ócio nem o proíbe. Não força a aceleração nem a trava. Convida a termos consciência do tempo e a ganharmos para nós a capacidade de marcar o ritmo da vida e o ritmo da criação.

Vagar e vaga têm raízes etimológicas diferentes. Ambos provêm de raízes latinas. Vagar de Vacare (ter tempo, estar sem fazer nada, estar desocupado) e Vaga de Vagus (móvel, errante).

A combinação criativa e prática do vagar com a vaga de transformação que a nossa cidade, a nossa região, Portugal, a Europa e o Mundo precisam é um dos mais estimulantes caminhos que podemos explorar. O vagar dá-nos o tempo para pensar o que é necessário fazer para dar sentido à vaga e para agir aproveitando e seu impulso e contrariando a sua natureza errática.

A liberdade criativa permite a cada um de nós escolher o trilho que quer percorrer. Da mesma forma permite que mobilizemos vontades para reverter a favor da dinâmica de mudança coletiva o encontro de cada um consigo próprio que o vagar permite, para que o vagar para transformar seja a antevisão de um avanço maior e de uma vida melhor.

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