Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

Comunicar Europa

Mais de 70% das normas legais que regulam a nossa vida quotidiana têm origem no trabalho coordenado das instituições europeias e nas diretivas e regulamentos que delas emanam, dando corpo às políticas partilhadas da União. Contudo, quando interrogados sobre as principais medidas europeias que conhecem, um numero muito elevado de portugueses não consegue enunciar, ainda que genericamente, mais do que um punhado delas.

Segundo os barómetros conhecidos cerca de 90% dos portugueses considera que estar na Europa é bom para Portugal e para a sua vida em concreto. No entanto, quando perguntados se pensam votar nas eleições para o Parlamento Europeu que se realizam no inicio de junho (9 de junho em Portugal) e em que se decidirá quem vai executar as políticas comuns e quais as escolhas ideológicas e práticas vencedoras, menos de 60% respondem afirmativamente.

As análises disponíveis mostram que mesmo quem não identifica as principais medidas europeias, diz saber da sua importância em geral e ter conhecimento de onde ou com quem obter informação, mas que não considera isso uma prioridade. Perante estes factos, é preciso aumentar a consciência da importância e dos impactos das políticas europeias e promover a vontade e a capacidade dos portugueses participarem na escolha dessas políticas e na sua concretização.

Sei por experiencia própria o esforço que é feito pelas instituições europeias e também pelos Eurodeputados para melhorar a comunicação com os cidadãos. Os resultados são, no entanto, globalmente desanimadores. Poucos sabem muito sobre os temas europeus e muitos sabem muito pouco, por vontade própria ou circunstância alheia.

Os dados mostram que não é suficientemente motivador para a grande maioria dos cidadãos a demonstração, como comecei por fazer neste texto, de que as políticas europeias são determinantes para as políticas nacionais. É preciso mudar o ângulo e mostrar como as políticas nacionais, que essas sim são bem conhecidas das pessoas, são em larga medida políticas europeias revestidas pelo contexto e pelas adaptações resultantes da diversidade entre países e territórios.

Estou consciente do grande obstáculo à estratégia que advogo, ou seja, da tendência para os responsáveis nacionais, regionais ou locais assumirem como suas decisões tudo o que é popular e como imposições europeias aquilo que não o é, independentemente da origem. Temos que quebrar essa barreira para comunicar melhor a Europa e garantir a vitalidade do grandioso projeto de paz e liberdade que é a União Europeia.

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