Cultura Tecnológica
Évora procura recuperar o tempo perdido para que a Capital Europeia da Cultura, CEC _27 seja um sucesso, com impacto na qualidade de vida dos seus habitantes e na afirmação da identidade, da história e do potencial do Concelho e da região.
A candidatura aprovada, sob o signo do vagar nas suas múltiplas interpretações, desde a consciência à atitude e desta ao impulso de fazer acontecer, delimita referências importantes para a elaboração do programa imaterial, mas também para a concretização de projetos estruturantes, de que os novos espaços de dança e de multiusos são os exemplos mais emblemáticos.
No entanto, para além do projeto em si mesmo, desafio grandioso para todos nós, a Capital Europeia da Cultura tem também que desempenhar um papel de atração de investimentos e reforço das redes, acelerando projetos na área da saúde como é o caso do novo Hospital Central do Alentejo e da Escola de Saúde de nova geração, das acessibilidades, em particular da rede ferroviária de passageiros e, não sendo exaustivo, no desenvolvimento de um Concelho mais inteligente, usando as novas tecnologias ao serviço do bem-estar das pessoas.
Quando coordenei o Proalentejo, na última década do século passado, lancei com a minha equipa o programa Alentejo Digital que foi percursor de um movimento que se expandiu por todo o País, com dinâmicas territoriais múltiplas, e posteriormente por toda a União Europeia.
A cultura tecnológica é fundamental para colocar as novas ferramentas digitais e em particular a Inteligência Artificial ao serviço das pessoas. O anúncio de que vai ser desenvolvido um modelo de linguagem de larga escala como suporte de IA com base na língua portuguesa (ação em que a Universidade de Évora é percursora) e de que os estudantes portugueses terão acesso a tutores de IA adequados aos seus processos de aprendizagem, torna ainda mais importante a dimensão cognitiva e cultural nas novas etapas da transição digital.
Não devemos perder o foco nos compromissos assumidos na candidatura vencedora de Évora CEC_27, nem podemos desperdiçar as oportunidades que dela surgem por conexão. Podemos e devemos trabalhar para sermos um Concelho e uma região piloto na aplicação de uma cultura tecnológica de rosto humano e ao serviço das populações.
Se o conseguirmos, não será a primeira vez que lideraremos um movimento de modernização e conhecimento, porque já o fizemos com o Alentejo Digital. E se o conseguirmos com sucesso, também não será a última, porque ficaremos na crista da vaga, nas respostas aos desafios do nosso tempo.