Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

O Lado Europeu

Desde há muito que sabemos que o mundo é feito de mudanças e que a necessidade de adaptação se tornou permanente. A entrada em cena da nova administração americana, com a sua ação errática, aumentou exponencialmente a confusão e a instabilidade.

À escala global as diferentes potências procuram reposiciona-se no novo contexto. A União Europeia com a sua dependência dos Estados Unidos da América na defesa, na segurança e nas trocas comerciais, está profundamente exposta. Precisa por isso de uma resposta bem calibrada, em que sem perder a sua identidade, assuma uma maior relevância e poder geoestratégico.

Começando tarde e frouxo, o debate em Portugal tem vindo a ganhar tração à medida que os diferentes sectores da nossa sociedade começam a sentir o impacto das medidas e da incerteza que o seu simples anúncio ou retirada provocam.

Neste texto partilho uma síntese da minha perceção sobre a maneira como o lado europeu deve lidar com o momento, com a consciência que todas as sugestões nestes tempos fluidos e escorregadios têm sempre um caracter provisório.

Sem prejuízo da necessidade de reforçar a sua autonomia de defesa, a UE deve valorizar as suas competências diferenciadoras fundamentais, que são a profundidade e a dimensão do seu mercado comum, a capacidade diplomática que desenvolveu ao longo de décadas, o ADN multilateral que estrutura a parceria, os valores humanistas que a inspiram e a salvaguarda da convergência e da coesão.

Esta diferenciação transversal tem que ser a base de uma reindustrialização baseada nas respostas às novas necessidades dos mercados, cada vez mais conscientes dos riscos das alterações climáticas e da desinformação. Os investimentos sustentáveis e os especialistas que valorizam a liberdade e a democracia estão a ser escorraçados de outras latitudes e devem ser atraídos para um “New Deal” europeu.

No necessário reforço do investimento em segurança e defesa, as novas tecnologias devem ser desenvolvidas numa lógica de valor transversal. O que propaga a capacidade de segurança e defesa também melhora a mobilidade, a resposta em saúde ou a organização das ofertas sociais.

Finalmente, a combinação da visão humanista com o direito à autodeterminação dos indivíduos tem que ser outro fator de afirmação. A aposta na educação e na literacia digital, energética, financeira é fundamental para a autonomia estratégica dos indivíduos, condição de liberdade e resiliência democrática, lidando com os riscos sem descurar as oportunidades.

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