O tempo das Autárquicas
Começou setembro. Estamos a pouco mais de um mês das eleições autárquicas e o contraditório democrático sobe de tom com toda a sua pujança, pluralidade e criatividade. Cada força política tenta seduzir o maior número de eleitores e justificar porque merece a sua escolha.
Dito isto, vamos assistir nas próximas eleições autárquicas, em Évora e no País, ao confronto de duas atitudes políticas contrastantes, declinadas depois em diferentes modos de operacionalização.
De um lado teremos os que vão tentar triunfar focados numa estratégia de poder a partir de perceções de medo, inveja, raiva e exploração das angústias e dos conflitos, usando para isso todas as formas à disposição nas redes sociais e nos eventos de rua, minimizando qualquer compromisso com medidas de solução dos problemas estruturais e de exploração de oportunidades nos diferentes Concelhos.
Do outro lado estarão os que, compreendendo a importância central que estas eleições terão para revitalizar a política de proximidade e honrar o poder autárquico democrático, darão foco ao resultado do diálogo com a comunidade e às estratégias, políticas e medidas com que se comprometem, para resolver os problemas imediatos e criar oportunidades de futuro.
Como candidato coloco-me sem hesitações neste segundo lado da barricada, consciente de que a visão sistémica e fundamentada não é fácil de comunicar face ao imediatismo que hoje carateriza a sociedade em que vivemos, puxada pelo tempo das televisões e das guerras de audiências, que privilegia a “política espetáculo” em detrimento política fundada na participação alargada, na cidadania, nos valores e nas soluções robustas e consistentes.
Quem tem a oportunidade de participar com alguma regularidade em debates nas Televisões sabe bem como é difícil ter o tempo necessário para explicitar uma ideia com princípio meio e fim. Muitos diálogos transformam-se em combates de palavras e trocas de frases feitas que no final se diluem numa mão cheia de nada. Também nas redes sociais o tempo para captar a atenção é muito curto e reduz-se drasticamente quando se quer transmitir uma ideia serena e ponderada e não propagar uma qualquer diatribe.
Continua, no entanto, a haver espaço para vencer os obstáculos e fazer política com valores e com propósito. A imprensa de proximidade e o diálogo direto são redutos fundamentais para distinguir agendas predadoras e imediatistas de agendas sérias e fundamentadas. Neste combate estarei de corpo e alma para honrar o poder local e ajudar a tornar melhor a qualidade de vida no meu Concelho.