Ponto de Vista
Nas últimas semanas, com a equipa que me acompanha na candidatura à Presidência da Câmara Municipal de Évora, temos multiplicado as visitas institucionais, mais ou menos formais, aos diversos agentes que nos diferentes campos da dinâmica socioeconómica fazem mexer o nosso Concelho.
Faço parte da comunidade eborense desde muito jovem e partilho da sua cultura e forma de ser, que é distinta e muito própria. Embora as generalizações tenham sempre riscos, os eborenses são afáveis, mas reservados, e são persistentes, mas defensivos.
Quando questionados sobre o que esperam da sua Autarquia, o mais habitual é que é enumerem antes de tudo os passivos de relacionamento e os problemas a resolver e só depois descrevam o muito de bom que apesar das dificuldades vão fazendo acontecer no dia a dia, os serviços que prestam, a riqueza que criam e os projetos de futuro que os movem.
Nunca é demais sublinhar que pela nossa história, pela nossa identidade e pelo nosso esforço coletivo, vivemos num Concelho reconhecido nacional e internacionalmente, com um contexto de exceção e um elevadíssimo potencial, que não podemos deixar soçobrar nem na falta de ambição nem na inércia e no abandono na resolução do que nos aflige e asfixia no momento atual.
Um dos interlocutores, com funções de elevada responsabilidade, referiu a dado momento da conversa que muitas coisas no nosso Concelho, em particular nas estruturas de governação e decisão, são pensadas para um território de dimensão intermédia, interior, adormecido, lento, arrastado e que se vai safando à custa de muito tempo perdido e de muito esforço dos “carolas” que a ele se entregam de corpo e alma. É preciso um safanão.
Nas reuniões e visitas procuro sempre que possível alterar o ponto de vista, e começar por conhecer aquilo que cada agente da nossa sociedade realiza e os planos que tem para o futuro e só depois analisar os constrangimentos que é preciso ultrapassar. Esta mudança de guião pode parecer comezinha, mas tem um efeito decisivo. Torna a visão positiva, desperta o orgulho pelo que se faz e projeta a força do que se deseja.
Os problemas, que são muitos, não bloqueiam a avaliação do que é feito e do que se deseja fazer e esse exercício é fundamental para gerar a energia necessária para identificar as soluções e para ultrapassar barreiras e dificuldades.
Évora e o seu Concelho são um polo territorial estruturante. Évora é uma grande Capital Europeia ao Sul. Precisamos de uma transformação harmoniosa para dar força a este potencial. É o meu ponto de vista.