Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

Cidades que respiram

A minha vida política e académica deu-me a oportunidade de conhecer meio mundo, ou talvez um pouco mais, nos cinco continentes, percorrendo terras e territórios com paisagens, histórias e culturas muito diversas. Dos Países que visitei profissionalmente, embora tentasse sempre que possível sair das cidades para ter uma ideia mais abrangente e diversificada, foi das capitais ou das maiores cidades que guardei uma memória não apenas panorâmica, mas enriquecida com uns laivos da vivência e do quotidiano dos espaços.

As cidades são corpos vivos e dinâmicos que interagem connosco, com as nossas sensações e expetativas. A chegada ao aeroporto e o primeiro trajeto até ao destino pode marcar de forma indelével uma apreciação que nunca deixa de combinar emoção e razão. É também deste ponto de vista que embora não seja tema desta crónica, sublinho a importância de Portugal cuidar com a maior urgência possível da qualidade da sua infraestrutura aeroportuária e em particular do novo aeroporto internacional de Lisboa e das suas acessibilidades à capital e a todo o território envolvente, incluindo Évora e o Alentejo.

Estive em cidades bonitas e em cidades que nem por isso. Em todas, no entanto, foi possível encontrar recantos e viver momentos gratificantes e também situações indiciadoras de que até no melhor pano cai a nódoa. Não restringindo a apreciação ao património antigo ou recente, encontrei cidades pobres e belas e cidades ricas e sem alma. Para mim a luz sempre fez a diferença e há cidades luminosas por natureza e outras que nem um milhão de lâmpadas conseguem iluminar.

Neste texto queria destacar uma outra dicotomia para além da beleza aparente e da riqueza exposta. Quando se chega a uma cidade e nela se permanece algum tempo, rapidamente sentimos se a urbe e o seu território envolvente fluem, respiram, estão organizados para facilitar e melhorar a vida das pessoas ou se pelo contrário são espaços bloqueados e bloqueadores, geradores de stress e de ineficiência, por mais extraordinário que seja o que se vê e o património construído.

O mais desafiador é que quando pensamos porque é que algumas cidades fluem e outras bloqueiam, rapidamente concluímos que mais do que uma questão de beleza ou riqueza, o que está em jogo é um padrão de organização. Cidades normativas e burocratizadas são cidades bloqueadas. Cidades geridas para as pessoas, descomplicadas, com propósito e estratégia tendem a respirar melhor, e respirar melhor faz toda a diferença quando pensamos no nosso presente e no nosso futuro comum.

Últimos Artigos

Vagar para Transformar

Diário do Sul

A candidatura vencedora de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027 foi baseada num conceito estruturante plural e diferenciador – O Vagar, enquanto reflexo de uma identidade alicerçada na consciência…

Ler o artigo completo

Paixão pela Educação

Frontline

Mesmo sabendo que o que corre bem raramente é notícia e que a formação da identidade de cada nova geração nunca é fácil, a avalanche de casos disruptivos que ocorrem…

Ler o artigo completo

O Preço da Não Escolha

Diário do Sul

Participei recentemente, no 24º Congresso da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que decorreu no âmbito do 50º aniversário da Associação. No painel em que fui convidado…

Ler o artigo completo