As Eleições e as Pessoas
Vivemos tempos de grande incerteza social e política, que geram turbulência e contaminam a estabilidade das instituições e os calendários do processo democrático. As dúvidas em torno dos comportamentos do Primeiro-Ministro na sua esfera pessoal, conduziram à queda do XXIV Governo Constitucional e à marcação pelo Presidente da República de eleições legislativas antecipadas para o próximo dia 18 de maio. Se não existirem outras perturbações, entre final de setembro e início de outubro teremos eleições autárquicas e no inico de 2026 eleições presidenciais.
Não é minha intenção nesta crónica tecer cometários sobre os contornos do que aconteceu no processo de não aprovação da Moção de Confiança pedida pelo Governo à Assembleia da República e da consequente dissolução por decisão do Presidente da República, ouvido o Conselho de Estado. A democracia está a funcionar de acordo com as suas regras e eu, como cidadão e como democrata, empenhar-me-ei em usar os meus direitos e em cumprir os meus deveres em mais esta chamada cívica.
A marcação de eleições legislativas em nada diminuiu, no entanto, o foco e o compromisso com as eleições autárquicas e com a vontade firme de contribuir para transformar Évora num Concelho e numa cidade com a dinâmica e as condições de vida que merece e pode ter.
Em Évora e em todo o País é muito importante que os impactos no calendário político que resultam das eleições legislativas não prejudiquem nem o debate livre e aberto sobre as eleições autárquicas, nem sirvam para que o Governo e as estruturas autárquicas deixem de fazer o que precisa ser feito a troco de ações de propaganda de circunstância.
Em gestão, o Governo tem competências estratégicas mitigadas, mas nada o impede de dar andamento a decisões consensualizadas e que são fundamentais para o desenvolvimento do nosso País, da nossa região e do nosso Concelho. O avanço do programa imaterial e das infraestruturas materiais no contexto da Capital Europeia da Cultura e a continuação das obras do Hospital Central do Alentejo e das novas ligações ferroviárias são apenas alguns exemplos daquilo que não pode parar.
Na mesma linha, as estruturas autárquicas têm obrigação de se focarem em concretizar aquilo com que se comprometeram, até para credibilizar eventuais propostas para o futuro.
Com o calendário político agora estabelecido pelo Presidente da República há espaço para a palavra e para a ação, mas cada uma delas deve respeitar os princípios éticos e o interesse das pessoas.