Artigos de Opinião

Neste espaço poderá encontrar os artigos que ao longo dos últimos anos foram sendo escritos por Carlos Zorrinho e publicados em diversos meios de comunicação social.

Coreografias

A segurança das pessoas e bens é um dos principais desafios do nosso tempo. Há múltiplas dimensões de segurança que se entrelaçam entre si. A segurança física cruza-se com a segurança, económica, social, ambiental ou política e interage cada vez mais com a segurança psicológica. Os cidadãos podem estar seguros, mas sentirem-se inseguros e o oposto também acontece.

As fronteiras são fluídas e a criação de contextos seguros, em que a realidade alinha com a perceção e as pessoas e os bens são adequadamente protegidos, é um dos maiores desafios da governação democrática nos nossos dias.

A segurança não deve ser politizada, exceto no que diz respeito à garantia de que os valores de cidadania e de direito e opção democrática são respeitados. Ao mesmo tempo, e no quadro das mesmas garantias, as forças de segurança devem ser valorizadas e respeitadas como pilares fundamentais de uma sociedade livre e saudável.

Tive a oportunidade de entre 2000 e 2002 exercer as funções de Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna. O exercício dessas funções reforçou a minha convicção de que o Estado e as suas instituições se devem abster de usar as forças de segurança para outros fins que não sejam a proteção dos cidadãos e para o fomento de contextos de vida em comunidade, em que a realidade bate certo com a perceção e todos colaboram para soluções positivas.

Tendo escolhido neste domínio emular as estratégias radicais e populistas, usando o medo como fator de conquista de território político, o Governo em funções, que sabemos assessorado pelas mais afamadas equipas de comunicação política do País e arredores, decidiu encenar um clima insegurança de Estado para depois oferecer esse mesmo Estado para repor a segurança psicológica das populações.

Depois do encenador, neste caso o Primeiro-Ministro, se ter dirigido ao País em horário nobre para dar o sinal de arranque, assistimos a múltiplas pelejas coreografadas, com enredos diversos, mas em que os emigrantes e as forças de segurança foram os atores principais. A lamentável encenação do Martin Moniz foi apenas a mais mediática e cenicamente mais impactante.

Como político e cidadão proponho outro caminho. Pratiquemos a segurança com discrição, empatia e eficácia. Separemos o trigo do joio. Valorizemos as forças de segurança e todos os cidadãos que vivem as suas vidas respeitando o outro e a lei, para podermos ser eficazes e implacáveis com aqueles que não o fazendo colocam a nossa segurança em risco.

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