Emergência e Transformação
Um dos Primeiros Ministros com que tive oportunidade de trabalhar com muita proximidade, já lá vão umas décadas, estando muito preocupado com uma campanha da oposição que desqualificava a atividade do seu governo, chamou um dos maiores “gurus” de comunicação daquele tempo para se aconselhar sobre a forma de combater o que considerava uma injustiça.
A resposta do especialista, para espanto de todos os que ansiavam ouvir a sua receita, foi; “Sr. Primeiro-Ministro, não faça nada”. E explicou. Se o que a oposição diz é verdade, as pessoas vão sentir isso no seu quotidiano e o seu desmentido só chamará ainda mais a atenção para os factos. Neste cenário não auguro um bom futuro para o seu governo.
No entanto, se o que a oposição diz for mentira, como o Sr. entende e eu acredito, então as pessoas vão perceber que é propaganda e eles vão pagar nas urnas o que estão a dizer agora. Pagaram.
Lembrei-me desta história, ao ver a nossa cidade pejada de cartazes sobre realizações da Autarquia em áreas chave para o desenvolvimento do Concelho, cujo impacto anunciado não consigo percecionar, quer quando vivo ou percorro o território, quer quando falo com os munícipes. Mas o teste do algodão não falhará! Os cidadãos avaliarão e não serei eu a dizer mal e a denegrir a nossa terra nem as suas instituições.
De mim e da minha equipa os eborenses poderão esperar soluções. Estamos a ouvir as pessoas, as associações, as empresas e as instituições para desenharmos o programa de emergência e transformação de que o Concelho precisa e em cuja concretização a Autarquia terá que assumir a coordenação e a liderança, mas todos terão que ser protagonistas.
Recentemente contaram-me que um professor de ordenamento territorial tinha por hábito ensinar aos seus alunos que a forma como flui o trânsito num território é o melhor espelho da forma como ele é governado e gerido. Se assim for, fica bem claro que um programa de emergência e transformação é vital no nosso Concelho. A mobilidade, as acessibilidades, a fluidez, o estacionamento, a limpeza e a qualidade das vias não enganam. Merecemos mais e melhor e teremos que trabalhar com determinação e capacidade de liderança para que isso seja possível.
A visão e a ambição podem e devem ser o motor do nosso desenvolvimento, mas se o trânsito não fluir, se os espaços não estiverem limpos e cuidados, se as pessoas não tiverem boas condições para viver, também os grandes projetos coletivos dificilmente terão condições para acontecer.