Força para Resolver
Num mundo profundamente interligado, muitos dos problemas e desafios que as comunidades têm que enfrentar encontram soluções internas, mas muitas deles exigem reivindicação, negociação e concertação externa.
A Autarquia de Évora foi governada nos últimos 12 anos com uma filosofia de serviços mínimos e uso e abuso do passa culpas na solução dos problemas do Concelho para entidades externas, fossem elas do poder central, da esfera europeia ou de outras estruturas de decisão supramunicipal.
Num momento em que a resposta às necessidades das populações exige cada vez mais políticas de proximidade, a Autarquia foi também sempre renitente em aceitar a descentralização de competências em domínios tão cruciais como a educação, a saúde ou o apoio social.
O caminho trilhado e que tantos danos provocou no desenvolvimento harmonioso e na qualidade de vida no Concelho foi antes demais uma opção ideológica. A fragmentação do poder executivo foi o alibi para essa opção e também uma limitação nos momentos em que a negociação foi inevitável.
Temos hoje enquanto Concelho múltiplos assuntos pendentes que são nós górdios que travam o nosso desenvolvimento e que têm que ser desfeitos. O Hospital Central do Alentejo tem que ser concluído e entrar em pleno funcionamento. As acessibilidades ferroviárias e rodoviárias têm que cumprir o seu papel de reforço da nossa centralidade. A Universidade de Évora tem que ser financiada tendo em conta o seu papel na revitalização de um centro histórico património da humanidade, mantendo nele grande parte da sua atividade. A Capital Europeia da Cultura tem que ter acesso aos fundos necessários à concretização do seu programa imaterial e de criação das infraestruturas necessárias ao seu sucesso. As competências descentralizadas têm que ter as dotações financeiras adequadas.
Neste contexto, quem for eleito para presidir ao governo da autarquia tem que ter força para governar. Força para reivindicar, negociar e defender os interesses do Concelho junto dos diversos patamares de decisão.
Numa intervenção recente usei como exemplo do que quero transmitir nesta crónica a história bíblica do Rei Salomão. Perante duas mães que reivindicavam a maternidade de um bebé, Salomão propôs- se cortar o nascituro ao meio e dar metade a cada uma. A verdadeira mãe revelou-se ao dizer que antes queria dar o bebé à outra do que vê-lo morrer. Évora fraturada vai continuar a definhar. Quem for escolhido para liderar o Concelho precisa de força para resolver.