Instituições, Dados e Energia
O Prémio Nobel da Economia foi atribuído este ano a 3 economistas (Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson) que nas suas investigações e estudos práticos têm demonstrado como a qualidade das instituições é o mais importante fator para assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento, criar riqueza e combater as desigualdades.
A transformação brutal do mundo, impulsionado pela transformação tecnológica torna ainda mais importante a qualidade das instituições, sobretudo a sua base de conhecimento, transparência e capacidade de decisão.
Em contexto democrático as instituições refletem também a vontade dos que as mandatam para escolher ou regular as escolhas. Quem defende um Estado mínimo e instituições frágeis, e anémicas está de forma indireta e mais ou menos consciente a promover ecossistemas em que triunfa a lei do mais forte, sobressaem os interesses individuais ou de grupo, mas não se impulsiona a prosperidade coletiva. O mundo está cheio desses maus exemplos e a tendência para que cresçam é um enorme motivo de inquietação.
Instituições fortes são fundamentais para interpretar a lei e a vontade democrática e assegurar que as novas tecnologias serão aplicadas em nome do bem comum. O avanço galopante da Inteligência Artificial que está cada vez mais embebida em todos os setores da nossa vida em sociedade, é um excelente exemplo em se torna cada vez mais evidente que a capacidade institucional para fazer valer a legislação regulatória e o controlo humano será decisiva.
Alimentando-se de dados e de quantidades cada vez maiores de energia para os processar, a corrida pela supremacia está a levar à recuperação de modelos centralizados de produção de energia como a reativação de centrais nucleares.
Em Portugal, em que a confluência de cabos submarinos com a elevada capacidade de produção de energia renovável permite dar consistência a um modelo alinhado de criação de riqueza baseado em sistemas distribuídos, é fundamental uma escolha por opções sustentáveis, que permitam combinar a produção de energia solar e eólica com a valorização da exploração agropecuária dos terrenos agrícolas e com a valorização energética dos espaços urbanos.
Suprir as falhas de mercado no alinhamento tecnológico é uma prioridade institucional. Como concluíram os laureados com o Prémio Nobel da Economia, investir na qualidade das instituições é o melhor investimento que uma sociedade pode fazer para assegurar a sua prosperidade futura. Não é uma opinião. São factos cientificamente demonstrados.